segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O voo dele

Ele queria voar.
Como?
Ainda não sabia.
Não tinha asas
mas acreditava
poder levantar voo
e preparava
esse aguardado dia.

Ele era pesado,
comprido
e entroncado.
Mesmo assim,
conseguiu, certa vez,
subir e trepar
para o telhado.

Atirou-se
mas teve o cuidado
de espalhar colchões
por todo o lado.
Imitou as aves,
esbracejou, planou,
fechou os olhos
e não é que voou!

Voou na sua imaginação
voou na sua emoção
voou do telhado até ao chão.
E em cima do colchão
continuou de olhos fechados
a flutuar
com os braços
a abanar no ar.



poema de Ana Ramalhete

ilustração de Pablo Auladell

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