quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Xadrez

É branca a gata gatinha,

É branca como a farinha.

É preto o gato gatão,

É preto como o carvão.

E os filhos, gatos gatinhos,

São todos aos quadradinhos.

Os quadradinhos branquinhos

Fazem lembrar a mãe gatinha,

Que é branca como a farinha.

Os quadradinhos pretos,

Fazem lembrar o pai gato,

Que é preto como o carvão.

Se é branca a gata gatinha,

E é preto o gato gatão,

Como é que são os gatinhos ?

Os gatinhos eles são,

São todos aos quadradinhos !!!



poema de Sidónio Muralha

ilustração de Eric Carle


quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O relógio

Passa, tempo, tic-tac
Tic-tac, passa hora
Chega logo, tic-tac
Tic-tac, e vai-te embora
Bem depressa
Não atrasa
Não demora
Que já estou
Muito cansado
Já perdi
Toda a alegria
De fazer
Meu tic-tac
Dia e noite
Noite e dia
Tic-tac
Tic-tac
Tic-tac


poema de Vinicius de Moraes
in A arca de Noé

ilustração de Elena Odriozola


sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Minuciosa formiga

Minuciosa formiga
Não tem que se lhe diga:
Leva a sua palhinha
Asinha, asinha.
Assim devera ser eu
E não esta cigarra
Que se põe a cantar
E me deita a perder.

Assim devera eu ser:
De patinhas no chão,
Formiguinha ao trabalho
E ao tostão.

Assim devera eu ser
Se não fora não querer.




poema de Alexandre O'Neill
in Feira Cabisbaixa


ilustração de Maria keil

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O cão

Tão bom
Como os berlindes
Só o cão.

Salta e ladra
Sem razão.

Adora o cão.

Mário sabe
O que ele diz,
Conhece a linguagem de cão.

Abana a cauda
Está feliz,
Dá saltinhos
De emoção.

Tem um amigo.
Ladra
Porque é feliz
E diz,
Gosto de encostar
O meu focinho
Ao teu nariz.



poema de Sara Monteiro
in As férias de Mário e Marina


ilustração de Gyo FujiKawa

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Não quero, não


Não quero, não quero, não,
ser soldado nem capitão.

Quero um cavalo só meu,
seja baio ou alazão,
sentir o vento na cara,
sentir a rédea na mão.

Não quero, não quero, não,
ser soldado nem capitão.

Não quero muito do mundo:
quero saber-lhe a razão,
sentir-me dono de mim,
ao resto dizer não.

Não quero, não quero, não,
ser soldado nem capitão.



poema de Eugénio de Andrade
in Aquela nuvem e outras

ilustração de Danuta Wojciechowska
in O menino eterno

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Encontro

Marquei encontro
com o sol
esta manhã.
Em vez do sol
veio a nuvem
com seus pezinhos de lã.

Pôs-se a chorar à janela
para eu a deixar entrar,
de lágrimas fez um rio
que vai na rua a passar.

Marquei encontro
com o sol
esta manhã.
Em vez do sol
veio o vento
e pôs tudo em movimento.

Varreu as folhas do chão,
varreu a nuvem do ar.
Entrou-me pela janela
um raio de sol a brilhar.

Marquei encontro
com o sol
esta manhã.
Não vou faltar ao encontro.
Até amanhã.




poema de Luísa Ducla Soares
in A gata Tareca e outros poemas levados da breca


ilustração de Jimmy Liao
in Desencuentros

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A cor que se tem

Quando for crescida
hei-de inventar
um perfume de encantar.
Quem o cheirar
há-de ficar
com cor de pele
que mais gostar.
Branco ou amarelo
se preferir
preto ou vermelho
é só decidir.
Para alegrar
até estou a pensar
outras cores acrescentar.
Cor-de-rosa
verde ou lilás
são cores bonitas
e tanto faz.
E assim há-de chegar
o dia de acreditar
que o valor
de alguém
não se pode avaliar
pela cor que tem
e então
tudo estará bem.


poema de Maria Cândida Mendonça

ilustração de Morteza Zahedi